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Bárbaros antes da cristianização. |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A Idade Média, tal como se apresentava, corria o risco de nunca conhecer senão caos e decomposição.
Nascida de um império desmoronado e de vagas de invasões sucessivas, formada por povos desarmônicos.
Esta Europa tão dividida, tão perturbada quando do seu nascimento, atravessa uma era de harmonia e de união tal como ela nunca conhecera e não conhecerá talvez mais no decorrer dos séculos.
Vemos a Europa inteira estremecer à palavra de um Urbano II, de um Pedro, o Eremita, mais tarde de um São Bernardo ou de um Foulques de Neuilly.
Vemos monarcas, preferindo a arbitragem à guerra, submeter-se ao julgamento do papa ou de um rei estrangeiro para regularizar as suas dissensões.
Praticamente, a Cristandade pode definir-se como a “universidade” dos príncipes e dos povos cristãos obedecendo a uma mesma doutrina, animados de uma mesma fé, e reconhecendo desde logo o mesmo magistério espiritual.
Esta comunidade de fé traduziu-se numa ordem europeia assaz desconcertante para cérebros modernos, bastante complexa nas suas ramificações, grandiosa, contudo, quando a examinamos no seu conjunto.
A paz na Idade Média foi muito precisamente, segundo a bela definição de Santo Agostinho, a “tranqüilidade” desta ordem.
Nas relações entre a Igreja e os Estados; estamos habituados a ver na autoridade espiritual e na autoridade temporal dois poderes claramente distintos.
Contudo se nos integrarmos na mentalidade da época não é a Santa Sé que impõe o seu poder aos príncipes e aos povos, mas estes príncipes e estes povos, sendo crentes, recorrem naturalmente ao poder espiritual, quer eles queiram fazer fortalecer a sua autoridade ou respeitar os seus direitos, quer desejem fazer solucionar as suas questões por um árbitro imparcial.
A tentativa audaciosa de unir os dois poderes, o espiritual e o temporal, para o bem comum se salda num êxito.
Era uma garantia de paz e de justiça este poder moral (da Igreja) do qual não se podiam infringir as decisões sem correr perigos precisos, entre outros o de se ver despojado da sua própria autoridade e afastado da estima dos seus súditos.
Durante a maior parte da Idade Média, o direito de guerra privada continua considerado como inviolável pelo poder civil e pela mentalidade geral; manter a paz entre os barões e os Estados apresenta, portanto, imensas dificuldades, e, se não fosse a Cristandade, a Europa corria o risco de nunca passar de um vasto campo de batalha.
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