domingo, 12 de junho de 2022

Na Idade Média nasceu a ciência logicamente sistematizada

A Geometria, The British Library
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Ainda perduram os ecos do laicismo anticristão visceralmente difamador da Idade Média pelo fato de ter sido uma época modelada pela Igreja Católica.

Professores e enciclopédias objetivas e atualizadas abandonaram essas visões laicista anticristãs e anti-medievais.

Um exemplo é a própria Wikipedia que, no verbete Ciência Medieval, fornece ricas e ponderadas informações sobre a Era Medieval, e que reproduzimos a continuação.

Caos pós-queda de Roma

A Europa Ocidental entrou na Idade Média em grandes dificuldades que minaram a produção intelectual do continente.

Os tempos eram confusos e havia-se perdido o acesso aos tratados científicos da antiguidade clássica (em grego), ficando apenas as compilações resumidas e até deturpadas que os romanos tinham traduzido para o latim.

Entretanto, com o início do chamado Renascimento do Século XII, renovou-se o interesse pela investigação da natureza.

A ciência que se desenvolveu nesse período áureo da filosofia escolástica dava ênfase à lógica e advogava o empirismo, entendendo a natureza como um sistema coerente de leis que poderiam ser explicadas pela razão.

Foi com essa visão que sábios medievais se lançaram em busca de explicações para os fenômenos do universo e conseguiram avanços importantes em áreas como a metodologia científica e a física.

Decadência cultural e científica no Império Romano

Costuma-se dizer que os romanos eram um povo de orientação prática. Apesar de maravilhados com as descobertas do passado grego, não chegaram a formar novas instituições que buscassem especificamente entender o universo ou o mundo natural.

Ruínas do Foro Romano, centro da Roma Imperial pagã
Os verdadeiros centros de produção de conhecimento do Império Romano localizavam-se no seu lado oriental, de cultura grega. Eles tinham sido fundados antes do domínio romano e já não mantinham a mesma força criativa de períodos anteriores.

Devido ao fato da classe rica do Império ser bilíngue, em latim e em grego, não se sentia a necessidade de traduzir os tratados científicos y filosóficos produzidos pela civilização grega.

Entretanto, era comum encontrar compilações resumidas das principais correntes do pensamento grego na língua latina. Esses resumos eram lidos e discutidos nos espaços públicos da agitada vida social romana.

Durante o processo de desestruturação do Império Romano do Ocidente, o ocidente europeu foi perdendo contato com o oriente e a língua grega acabou por ser esquecida.

Desse modo, a Europa Ocidental perdeu o acesso aos tratados originais dos filósofos clássicos, ficando apenas com as versões truncadas desse conhecimento que haviam sido anteriormente traduzidas.

É como se nos dias de hoje perdêssemos quase todos os trabalhos científicos e sobrasse apenas parte dos textos de revistas destinadas ao consumo popular.

A Igreja salvou do caos o que restava da cultura antiga

Os mosteiros foram o refúgio da cultura e da ciência. Abadia de Lagrasse, França
Os mosteiros foram o refúgio da cultura e da ciência. Abadia de Lagrasse, França
O Império Romano do Ocidente, embora unido pela língua latina, ainda englobava um grande número de culturas diferentes que haviam sido assimiladas de uma maneira incompleta pela cultura romana.

Debilitado pelas migrações e invasões de tribos bárbaras, pela desintegração política de Roma no século V e isolado do resto do mundo pela expansão do Islão no século VII, o Ocidente Europeu chegou a ser pouco mais que uma colcha de retalhos de populações rurais e povos semi-nômades.

A instabilidade política e o definhar da vida urbana golpearam duramente a vida cultural do continente.

A Igreja Católica, como única instituição que não se desintegrou nesse processo, manteve o que restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica.


continua no próximo post: O monasticismo católico e a restauração da fé, da cultura e das ciências



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