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Coroacão do imperador do Sacro Império em Frankfurt,
pelos bispos de Mainz, Colonia e Trier |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Existiu a Cristandade?
Sim. Sob o influxo de todas as energias naturais e sobrenaturais entesouradas nas nações cristãs, foi emergindo lentamente do caos da barbárie na alta Idade Média, a sociedade civil cristã, A Cristandade.
Sua beleza, de início indecisa e sutil, mais promessa e esperança que realidade, foi se afirmando a medida que, com o escoar dos séculos de vida cristã, a Europa batizada "crescia em graça e santidade".
O que nasceu na Idade Média?
Nasceram os reinos, e as estirpes fidalgas, os costumes corteses, e as leis justas, as corporações e a cavalaria, a escolástica e as universidades, o estilo gótico e o canto dos menestréis, por exemplo.
A Idade Média atingiu o máximo da Civilização?
Não. Ela não atingiu o máximo de seu desenvolvimento. Muito ainda haveria que progredir.
Então, de onde vem o encanto da Idade Média?
O encanto grandioso e delicado da Idade Média não provém tanto do que ela realizou, como da harmonia profunda e da veracidade cintilante dos princípios sobre os quais ela construiu.
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Áustria |
Ninguém possuiu como ela, o conhecimento profundo da ordem natural das coisas; ninguém teve como ela o senso vivo da insuficiência do natural — mesmo quando desenvolvido na plenitude de sua ordem própria — e da necessidade do sobrenatural; ninguém como ela, brilhou ao sol da influência sobrenatural com mais limpidez e na candura de uma maior sinceridade.
Como eram os homens que fizeram a Idade Média?
Eram homens que lutaram e sofreram na realização do ideal da Civilização Cristã, e que na sua caminhada muitas vezes recuaram ou desfaleceram ao longo do caminho; mas de homens que sempre continuaram fiéis ao seu ideal, ainda mesmo quando dele se afastavam por seus atos.
E dai uma consonância profunda de todas as instituições, de todos os costumes, de todas as tradições nascidas nessa época, não só com as circunstâncias contingentes e transitórias do tempo em que surgiram, mas com as exigências genéricas da alma humana
"naturaliter christiana" e as tendências espirituais peculiares aos povos do Ocidente.
A Civilização Cristã é igual por toda parte?
Sim na essência, não na concretização em cada país.
Toda a civilização cristã há de ser inteiramente cristã, católica, universal, mas há de se ajustar, há de respeitar, há de desenvolver e estimular as características de cada região, e de cada povo.
Então deve respeitar as características locais?
Sim. A sociedade cristã vive de acordo com a ordem natural. E, por isto, ela há de respeitar integralmente as características regionais de cada povo ou região.
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Budapest, Hungría. |
Respeitar e desenvolver, porque essas características são dons de Deus, e todos os dons de Deus merecem desenvolvimento.
Nos séculos de civilização cristã, cada povo teve, pois, suas características próprias, bem definidas.
Onde a alma nacional se encontra melhor?
A alma nacional, em todas as suas aspirações universais e humanas, em todas as suas aspirações nacionais e locais, encontra plena e ordenada expansão dentro da civilização cristã.
Dai a enorme variedade de formas de governo e de organização social ou econômica, de expressões artísticas e de produções intelectuais, nas varias nações da Europa medieval.
Do que servem os símbolos e a cultura nacional?
Os símbolos são um patrimônio nacional, uma condição essencial para a sobrevivência e progresso espiritual da nação.
Eles tem uma consonância indefinível e profunda com a mentalidade nacional, uma consonância que é natural e verídica, e não puramente fictícia e convencional.
Por isto, em via de regra, cada povo elabora uma só arte, uma só cultura e nela caminha enquanto existe.
O maior tesouro natural de um povo é a posse de sua própria cultura, isto é, quase a posse de sua própria mentalidade.
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Escudo do Reino das Duas Sicílias |
Quem pode admirar a Civilização Cristã?
Fora da Igreja uma civilização cristã só pode ser admirada pelas almas que tendem para o Catolicismo.
Dentro da Igreja só pode ser admirada e vivida pelas almas que vivem do Catolicismo.
Ela é incompreensível, é cheia de tédio, é odiosa até em sua superioridade solar, para as almas que começam a abandonar a Igreja, ou que, do lado de fora, blasfemam contra ela.
A civilização cristã só viveu plenamente, enquanto a Europa foi sincera e profundamente católica.
Qual é a grande tragédia da civilização?
A grande tragédia da civilização ocidental foi precisamente a ruptura com o Catolicismo que, no século XVI, arrebatou ao grêmio da Igreja as nações protestantes.
Essa apostasia foi aprofundada no terreno civil pela Revolução Francesa de 1789 e a Revolução comunista de 1917. Essas revoluções foram completadas pela Revolução da Sorbonne de Maio de 1968.
Todas elas somadas em cadeia formam uma só Revolução com R maiúsculo. A Revolução é a causa do caos de hoje e, portanto da grande tragédia da civilização.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “A Cruzada do século XX”, Catolicismo nº 1, Janeiro de 1951)