domingo, 4 de dezembro de 2022

Guarda Suíça Pontifícia:
eco da fidelidade medieval, heróica e sacral

Guarda Suiça Pontificia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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diversos blogs






Carlos VII rei da França, em 1453, fez aliança com o povo helvético.

O acordo foi renovado em 1474 por Luís XI, que tinha ficado admirado em Basileia pela resistência da Suíça contra um adversário vinte vezes superior.

Luís XI alistou suíços como instrutores para o exército francês. O rei da Espanha fez a mesma coisa.

Os suíços foram descritos por Guicciardini como “o nervo e a esperança de um exército”. Em 1495 o rei francês teve a vida salva graças à firmeza inabalável de sua infantaria suíça.

Os guardas suíços continuavam, entretanto, submissos às autoridades de seus cantões natais, verdadeiros proprietários destas tropas que se reservavam o direito de recolhê-las quando bem entendessem.

Os regimentos suíços eram corpos armados totalmente independentes. Tinham suas próprias regras, seus juízes e seus chefes. As ordens eram dadas na sua língua, o alemão, oficiais e soldados permaneciam suíços até o fim sob as leis de seus cantões. O regimento era sua pátria.

Tais disposições foram confirmadas em todos os acordos feitos em anos posteriores.

Pelo fim da Idade Média, o espírito de revolta e a imoralidade grassavam na Europa. Tudo estava pronto para a grande explosão de orgulho e sensualidade que devastaria a Civilização Medieval católica.

O Renascimento em plena expansão e a iminente Revolução Protestante semeavam a revolta contra o sucessor de Pedro.

O Papa Sisto IV concluiu em 1479 uma aliança com os helvéticos. Em 1506 o Papa Júlio II chamou-os a Roma. Eles eram considerados invencíveis, devido à sua coragem, seus sentimentos nobres e sua proverbial fidelidade. Sem cavalaria e com pouca artilharia eles eram capazes de formar muralhas humanas impenetráveis.

Em 1512, o Papa Júlio II lhes concedeu o título de “defensores da liberdade da Igreja”.

Mas, 22 de janeiro de 1506 é a data oficial do nascimento da Guarda Suíça Pontifícia. Naquele dia, ao pôr do sol, um grupo de cento e cinquenta soldados suíços comandado pelo capitão Kaspar von Silenen do cantão de Uri, entrou pela primeira vez no Vaticano, pela Porta del Popolo para receber a bênção do Papa Júlio II.

Mons. Johann Burchard de Estrasburgo, capelão papal e autor de uma famosa história de seu tempo, registrou o evento em seu diário.

O martírio de 1527 sob berros de "viva o papa Lutero"

Juramento de fidelidade dos guardas suíços
Na manhã do dia 6 de maio de 1527, mercenários a serviço de um imperador já todo perpassado de espírito renascentista invadiu o Borgo Santo Spirito e a basílica de São Pedro.

Os guardas suíços reuniram-se no pé do obelisco que ali está, e junto com as poucas tropas romanas de que dispunha o Papa, lutaram até o fim.

O comandante Kaspar Roister foi morto. Dos 189 suíços, apenas 42 não pereceram.

Esses, sob o comando de Hércules Göldli levaram o Papa Clemente VII até o impenetrável Castelo de Santo Ângelo.

Os outros caíram gloriosamente, massacrados até nos degraus do altar de São Pedro.

Clemente VII e seus suíços fugiram pelo famoso “Passetto” um corredor secreto construído por Alexandre VI na parede que liga o Vaticano com o Castelo Sant'Angelo.

As tropas invasoras saquearam Roma durante oito dias, praticando toda espécie de abusos, roubos, sacrilégios e massacres.

Até os túmulos dos Papas foram violados para roubar o que havia dentro.

Os saqueadores gritavam “viva o pontífice Lutero” em sinal de desprezo.

O nome do heresiarca protestante foi pichado sobre o famoso afresco do “Triunfo do Santíssimo Sacramento” de Rafael.

Desde então uma aura de martírio envolve a guarda suíça pontifícia.

Ela traz um perfume da velha fidelidade feudal medieval impregnada de sagrado e heroísmo em serviço do Senhor dos Senhores, o Vigário de Jesus Cristo.







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domingo, 27 de novembro de 2022

Historiadores recusam os mitos anti-católicos e anti-medievais

Castelo de Sully-sur-Loire, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O prof. Thomas Woods escreveu:

“Durante os últimos cinquenta anos, virtualmente todos os historiadores da ciência [...] vêm concluindo que a Revolução Científica se deve à Igreja” (p. 4). 

Não é só devido ao ensino, mas pelo fato de a Igreja ter gerado cientistas como o Padre Nicolau Steno, pai da geologia; Padre Atanásio Kircher, pai da egiptologia.

Capa da obra do Prof. T. E. Woods
Padre Giambattista Riccioli, que mediu a velocidade de aceleração da gravidade terrestre;
Padre Roger Boscovich, pai da moderna teoria atômica, etc;

Réginald Grégoire, Léo Moulin e Raymond Oursel mostraram que os monges deram  

ao conjunto da Europa [...] uma rede de fábricas-modelo, centros de criação de gado, centros de escolarização, de fervor espiritual, de arte de viver, [...] de disponibilidade para a ação social — numa palavra, [...] uma civilização avançada emergiu das ondas caóticas da barbárie que os circundava.

Sem dúvida nenhuma, São Bento
foi o Pai da Europa.

Os beneditinos, seus filhos, foram os pais da civilização européia”
(p. 5).


Este post está baseado no livro do prof. Thomas Woods (“How the Catholic Church built Western Civilization”, Regnery Publishing, Washington DC, 2005, 280 p.) que teve uma edição no Brasil (“Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental”, Quadrante, São Paulo, 2008, 222 p.).

O prof. Woods se insere numa vasta e jovem geração de especialistas dos EUA que estão aprofundando com renovando entusiasmo o estudo da Idade Média.

Nesse sentido, só podemos recomendar a obra rica, elaborada segundo o rigor da ciência histórica e abundante em documentação do Dr. Ricardo da Costa, Professor titular do Departamento de Teoria da Arte e Música (DTAM) da UFES.

Para visitar o site do Prof. Ricardo da Costa, CLIQUE NA IMAGEM
O professor da Costa é Correspondente Acadêmico da Reial Acadèmia de Bones Lletres de Barcelona, Membro do Mestrado de Artes (PPGA) da UFES e do Doutorado internacional (à distância) Transferencias Interculturales e Históricas en la Europa Medieval Mediterránea do Institut Superior d'Investigació Cooperativa IVITRA [ISIC-2012-022] da Universitat d’Alacant (UA).

O prof. mantém um site sobre trabalhos da Idade Média que é excepcional a vários títulos.

Um pela qualidade dos trabalhos e outro pela quase unicidade dele, considerada a vetusta animadversão anti-medieval e o atraso em que se encontram no Brasil os estudos sobre a Idade da Luz.

Por isso mesmo recomendamos vivamente o site do Prof. da Costa: www.ricardocosta.com. Basta clicar na imagem acima para acessa-lo.

Vídeo: Destrutores hodiernos do cristianismo, especialmente na União Européia





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domingo, 20 de novembro de 2022

Como foi a tomada de Jerusalém pelos Cruzados

Luis Dufaur
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O historiador francês Michaud escreveu o melhor relato da tomada de Jerusalém na primeira Cruzada.


LEIA O RELATO INTEIRO.

 



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domingo, 13 de novembro de 2022

Moeda medieval, a mais estável em séculos


Luis Dufaur
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No dia de hoje os jornais anunciam que o real e o peso argentino se desvalorizam ou oscilam face ao dólar. Em décadas mudavam para cima ou para abaixo.

O euro se desvaloriza face à moeda americana, mas até pouco todos clamavam que o euro estava nas nuvens.

Nos EUA não para o berreiro contra o dólar que eles acham "débil", mas Washington gosta assim mesmo.

Na Europa o euro "forte" arrebenta a competitividade das empresas. Xinga-se o yuan chinês supervalorizada, esperneia-se contra o yen japonês.

A ciranda universal não sossega nem para cima nem para baixo, nem na estabilidade.

Amanhã mídia e especialistas falarão o contrário de hoje. E depois de amanhã o contrário do contrário, enquanto correm trilhões de um mercado a outro como fluxos de lava furiosa. Ninguém acha um investimento rentável sossegado.

Entretanto, houve ao menos uma moeda que varou os séculos nimbada de prestigio: o luis de ouro medieval!

São Luís IX, Rei da França, viveu no século XIII e alcançou tal prestígio, que até hoje se encontram com facilidade moedas de ouro cunhadas com sua efígie, sempre bem cotadas.

O povo as respeitava e guardava como se fossem medalhas religiosas, quase como relíquias! Por isso ainda há em abundância.

O reinado do soberano cruzado, contudo, teve lugar há 700 anos!




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domingo, 23 de outubro de 2022

Os filhos de São Bento

São Bento entrega a Regra a São Mauro, Glória da Idade Média
São Bento entrega a Regra a seus monges
Luis Dufaur
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Os resultados da obra de São Bento foram imensos. Tanto em vida como depois de sua morte, multidões de filhos das mais nobres raças da Itália e a elite dos bárbaros convertidos acorrem a Monte Cassino.

Depois eles daí saem, e descem para se espalhar por todo o Ocidente: missionários e trabalhadores, que virão logo a ser os doutores e os pontífices, os artistas e os fundadores de instituições, os historiadores e os poetas da nova sociedade.

São Bento, Lisieux, Glória da Idade Média
São Bento, imagem em Lisieux
Eles vão propagar a paz e a Fé, a luz e a vida, a liberdade e a caridade, a ciência e a arte, a palavra de Deus e o gênio do homem, as Santas Escrituras e as obras de arte, no meio das províncias desesperadas do império destruído, e até o fundo daquelas regiões selvagens que, a grande custo, se conseguiram salvar da destruição dos bárbaros.

Menos de um século depois da morte de São Bento, tudo o que a barbárie havia conquistado sobre a civilização é reconquistado.

Além disso, esses filhos de São Bento se apressam a ir pregar o Evangelho até em rincões nos quais os primeiros discípulos de Cristo não puderam chegar.

Depois da Itália, Gália e Espanha retomadas do inimigo, a Grã-Bretanha, a Germânia e a Escandinávia vão ser uma a uma invadidas, conquistadas e incorporadas à Cristandade.

O Ocidente está salvo. Um novo império é fundado. Um novo mundo começa.

Vinde agora, ó bárbaros! A Igreja nada tem a vos temer.

Reinai onde quiserdes, a civilização não fugirá de vós. Antes, sois vós que defendereis a Igreja e refareis a civilização.

Vós vencestes tudo, conquistastes tudo, revirastes tudo.

Sereis por vossa vez vencidos, conquistados e transformados.

Já nasceram os homens que serão vossos mestres.

Eles tomarão vossos filhos, e até filhos de reis, para os juntar a seu exército.

Tomarão vossas filhas, vossas rainhas, vossas princesas, para as prender em seus monastérios.

Mosteiro de St-Benoît-sur-Loire onde repousam os restos do Patriarca da Cristandade.
Mosteiro de St-Benoît-sur-Loire
onde repousam os restos do Patriarca da Cristandade.
A obra não será curta nem fácil. Mas eles chegarão à meta.

Eles dominarão os povos novos, mostrando-lhes o ideal da santidade, da grandeza, da força moral.

Eles os farão instrumentos do bem e da verdade.

Ajudados por esses vencedores de Roma (os bárbaros), eles levarão o império e as leis de uma nova Roma muito além das fronteiras que o senado fixou ou que os Césares imaginaram.

Eles irão vencer e benzer, lá onde não penetraram nem as águias romanas nem mesmo os apóstolos.

Eles serão os benfeitores de todas as nações modernas.

Serão vistos, ao lado dos tronos de Carlos Magno, de Alfredo, de Othon o grande, criarem com eles a realeza cristã e uma sociedade nova.

Enfim, eles subirão com São Gregório Magno e São Gregório VII até a Sé Apostólica, de onde presidirão, durante séculos de luta e de virtude, os destinos da Europa Católica e da Igreja.


(Fonte: Montalembert, “Les moines d’Occident” - 1878, t. II, p. 74)



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