domingo, 30 de agosto de 2020

Remédios medievais contra as bactérias modernas

Farmacêutico medieval
Farmacêutico medieval
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A procura de uma vacina ou de um remédio para vencer a epidemia da covid-19 levou à busca das mais diversas fórmulas ou tratamentos de saúde.

E eis que uma poção para os olhos usada há 1.200 anos, portanto dos inícios da Idade Média, mostrou que pode ajudar os cientistas em sua batalha contra a resistência de bactérias a antibióticos atuais, segundo informaram jornais como “Folha de S.Paulo” e “GauchaZH”. 

Encontrada num tratado de medicina medieval, a receita foi reproduzida e testada por cientistas da Universidade de Warwick, na Inglaterra. O experimento foi publicado no Scientific Reports, da famosa revista Nature.

Feito à base de cebola, alho, vinho e sais biliares, ele é muito caseiro e se revelou seguro para as células humanas e eficaz no combate a colônias de microrganismos que funcionam como uma proteção para as bactérias, reduzindo a ação dos antibióticos atuais.

O combate ao tártaro dos dentes é um exemplo, mas há outros casos especialmente difíceis de tratar, como o de úlceras nos pés de pacientes diabéticos, em que o unguento medieval mostra sua ativa eficácia.

O bálsamo faz parte do Bald's Leechbook — ou “livro de prescrições médicas de Bald”. Trata-se de um manuscrito compilado no século IX durante as reformas educacionais do rei anglo-saxão Alfredo, o Grande.

Ele foi recuperado e testado por pesquisadores do Ancientbiotics.

domingo, 23 de agosto de 2020

Como os medievais eram sensíveis para a sublimidade

Francês medieval: modelo de generosidade e desprendimento cavalheiresco
Francês medieval: modelo de generosidade e desprendimento cavalheiresco
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A França do tempo das Cruzadas passava por ser a nação franca por excelência.

Mas a nação franca no melhor sentido da palavra, quer dizer, generosa, desprendida, larga, cavalheiresca.

Veneza nunca foi tida como nação franca. Era uma nação mercadora.

Na Idade Média se considerava os mercadores com a sobrancelha carregada e cheio de desconfiança.

Veneza justificou muito largamente esta desconfiança!

Era uma cidade brilhante, bonita, meio impudica e pecadora e que tantas vezes traíra e iria trair o Ocidente com os seus contratos com o Oriente.

Pois tratava-se de conseguir os navios de Veneza para transportar cruzados à Terra Santa.

Foi, por ocasião da IV Cruzada, uma delegação de franceses – mas uns franceses provavelmente ainda meio alemães, e tendo o mérito e a glória de ambas as coisas somadas – chefiada por Geoffroi de Villehardouin (1150/54 –1212/18) marechal de Champagne.

Ele próprio contou como foi o desempenho da missão na crônica “Conquête de Constantinople”.

domingo, 9 de agosto de 2020

Papa Bonifácio VIII: superioridade dos Papas sobre os reis

Papa Bonifácio VIII, afresco em Anagni
Papa Bonifácio VIII formulou a “Doutrina dos dois gládios”,
afresco em Anagni
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






“O Evangelho nos ensina que há na Igreja e no poder da Igreja dois gládios: o espiritual e o temporal.

Quando os Apóstolos disseram: “Temos aqui dois gládios” – aqui, isto é, na Igreja – o Senhor não respondeu: “É demasiado”. Pelo contrário, respondeu: “isto basta”.

“Por certo, aquele que nega que o gládio temporal esteja no poder de Pedro, desconhece a palavra do Senhor que disse: “Recoloca tua espada na bainha”.

“Portanto, um e outro gládio estão no poder da igreja, o espiritual e o temporal; mas este deve ser tirado para a Igreja, aquele pela Igreja; um pela mão do sacerdote, o outro pela mão dos reis e dos soldados, mas com o consentimento e o beneplácito do sacerdote.

“Contudo, é preciso que o gládio esteja subordinado ao gládio; a autoridade temporal ao poder espiritual, porquanto diz o Apóstolo:

domingo, 2 de agosto de 2020

A sabedoria medieval na ponta dos dedos

Contar com os dedos de 1 a 20.000, de 'De numeris'. Codex alcobacense, por Rabanus Maurus (780-856)
Contar com os dedos de 1 a 20.000, de 'De numeris'.
Codex alcobacense, por Rabanus Maurus (780-856)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





A queda do Império Romano deixou a Europa e boa parte do Oriente Próximo submersos no mais generalizado analfabetismo.

Porque nesse Império, tão grande sob os pontos de vista cultural, jurídico e administrativo, tão elogiado hoje, a imensa maioria dos homens era de escravos.

Apenas as classes altas que dirigiam a sociedade e os exércitos haviam recebido instrução, por vezes aprimorada. Mas essas categorias cultas pereceram ou desapareceram nas invasões dos bárbaros.

Os bárbaros – tal vez feitas algumas exceções – acrescentaram o próprio deles: a barbárie!

Foi o trabalho santo, heroico e paciente da Igreja, notadamente suas escolas monacais, episcopais ou paroquiais que foram tirando Europa da noite da ignorância até transforma-la num farol de cultura universal.