domingo, 31 de janeiro de 2021

A galáxia das catedrais que poderiam ter existido
– uma pálida amostra da beleza de Deus

Catedral de York, Inglaterra
Catedral de York, Inglaterra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Contemplando maravilhada e desinteressadamente uma catedral gótica, do fundo de nossas almas sobe uma coisa que é luz, superluz.

Mas, ao mesmo tempo, é penumbra ou obscuridade sem ser treva.

É a ideia de todas as catedrais góticas do mundo – as que foram construídas e as que não foram – dando uma ideia de conjunto de Deus que, entretanto, ainda é infinitamente mais do que esse cojunto.

Essa contemplação nos leva para o espírito que inspirou todas essas catedrais.

E aí, realmente, nós vivemos mais no Céu do que na Terra.

Aí o nosso desejo de uma outra vida, de conhecer um Outro – tão interno em mim, que é mais eu do que eu mesmo sou eu, mas tão superior a mim que eu não sou nem sequer um grão de poeira em comparação com Ele –, esse desejo se realiza.

A alma diz: “Ah, eu compreendo, o Céu deve ser assim!”

Por que o Céu?

domingo, 24 de janeiro de 2021

A união europeia da Cristandade medieval e a desunião caótica da União Europeia atual

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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A agricultura teve enormes desenvolvimentos na Idade Média.

No paganismo ela era tida como uma profissão vil e, por isso mesmo, tarefa de escravos maltratados, usando instrumentos pífios e produzindo pouco.

Porém, nas abadias medievais tudo mudou. 

Os monges desenvolveram prodigiosamente os instrumentos agrícolas, criaram modos de recuperar as terras, mesmo as menos aproveitáveis, descobriram o modo de adubar e de fertilizar, combater os insetos, selecionar as espécies, preservar os insetos e animais úteis, criar gado de modo intensivo, fazer hortas nos espaços confinados das abadias; estudaram vegetais e animais para extrair deles os mais variados produtos, alimentícios ou medicinais, secaram pântanos, canalizaram rios, racionalizaram o aproveitamento das florestas, importaram e exportaram de ou para outras abadias próximas ou longínquas novas variedade vegetais ou animais; aplicaram novas técnicas colheita, transporte e estocagem de grãos e carnes, criaram toda espécie de queijos, vinhos, cervejas, champagnes, frios e doces, e ainda e alista é limitada!

domingo, 17 de janeiro de 2021

Cristandade medieval: primavera da humanidade cristã

Detalhe da Igreja Militante. Andrea da Firenze (1366-7). Santa Maria Novella, Florença
Detalhe da Igreja Militante. Andrea da Firenze (1366-7).
Santa Maria Novella, Florença
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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A concepção do mundo que prevaleceu com bom sucesso foi a noção de Cristandade.

Formou-se lentamente, à custa de sangue e lágrimas, e foi-se também perdendo aos poucos.

Por trezentos anos impôs a sua lei, e, evidentemente não por acaso, foi esse talvez o período mais rico, mais fecundo e, sob muitos aspectos, mais harmonioso de todos os que a Europa conheceu até os nossos dias.

Saindo das trevas invernais da época bárbara, a humanidade cristã viveu a sua primavera.

O que inicialmente impressiona a quem analisa o conjunto destes trezentos anos é a sua riqueza de homens e de acontecimentos.

À semelhança da seiva que jorra por todos os lados na primavera, tudo parece agora germinar e desabrochar numa abundância de folhagem sobre o solo batizado por Cristo.

Em todos os âmbitos se manifesta o fervor criativo, a exigência profunda de empreender, de encaminhar a caravana humana para o futuro.

Os mais minuciosos quadros cronológicos não seriam suficientes para captar este impulso. 

domingo, 10 de janeiro de 2021

Santo Edmundo: dedicação e sacrifício na realeza

Santo Edmundo rei mártir, Wilton Diptych, National Gallery, Londres
Santo Edmundo rei mártir,
Wilton Diptych, National Gallery, Londres
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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No livro “Os Santos Militares”, do General Silveira Mello (Dep. Imp. Nacional, 1953, 456pp.) encontramos uma síntese biográfica digna de destaque:

“Edmundo era filho de Opa, rei da Estânglia. É um dos pequenos reinos que compunha a Inglaterra primitiva - e nasceu por volta de 840 quando o cristianismo já estava disseminado nos estados ingleses.

“O rei, seu pai, homem de grande piedade, quando viu o filho com 15 anos, abdicou em seu favor e retirou-se para Roma a fim de consagrar seus últimos dias ao recolhimento e à oração.”

“Edmundo, que fora muito bem-educado na Religião Católica, tornou-se modelo de cristão para seu povo. Justo e bom, era homem de invulgar energia.

“Percebeu cedo o perigo que representava os escandinavos para seu país e preparou-se militarmente, assim como dispôs seu povo, para uma possível guerra.”


Naquele tempo, os escandinavos eram o grande perigo dos povos civilizados. Hoje tão pacíficos, foram no passado os tiranos dos mares.

Eles ocupavam a Escandinávia e iam descendo pela Europa e representavam a última leva das invasões bárbaras.

Alguns usavam o título de reis do mar, porque viviam em barcos fazendo pirataria de um lado e de outro, nuns barcos com umas proas lindas, de uma audácia e de uma arrogância de que a Suécia e Dinamarca perderam completamente o segredo.

Com a queda das proas, caiu tudo. Falam de “figuras de proa”; a gente poderia dizer que cada povo tem a proa que merece. E quando um povo já não tem mais coragem de ter proa é porque já não vale mais nada.