domingo, 1 de agosto de 2021

À procura do Paraíso: as almas dos construtores da Idade Média

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Para a mentalidade medieval esta terra é uma terra da exílio na qual, entretanto, há um paraíso: a Santa Igreja Católica, a única igreja verdadeira do único Deus verdadeiro. E os vitrais eram as janelas desse paraíso.

Os romanos descobriram o vidro, mas nunca fizeram um vitral.

Quando começou então a história do vitral?

Quando nasceu o desejo do maravilhoso.

Se as almas dos vitraleiros — se a palavra existe no português — não fossem ávidas deste azul, daquele verde, daquele dourado, eles teriam tomado o trabalho de encontrar essas cores?

Eles preferiam ficar numa semi-pobreza a vida inteira até encontrar um verde ou um azul que sonhavam para o vitral de Nossa Senhora, ou do Anjo São Gabriel, ou de um santo.

E depois morriam contentes. “Ali vai haver tal azul, essa é a minha contribuição para todo o sempre para a glória de tal Santo”.

A gente teria a vontade de imaginar que o Anjo que veio pegar a alma deles quando eles morreram, tinha santidades e virtudes análogas à cor com que eles sonharam.

Essa era a morte do artesão que trabalhava o vitral.

Ele podia dizer:

“a minha vida está explicada, eu trouxe tal cor ao conhecimento dos homens, à piedade da Igreja, à glória de santo tal, ou de Nosso Senhor em tal mistério de sua vida.

“Ó sol tu que me antecedeste na criação, tu também, foste criado para que um dos seus raios passasse sempre por lá.

“Enquanto tu fores sol e o mundo for mundo, um dos teus raios atravessará o azul com que eu sonhei, e vai iluminar o chão de granito e vai enlevar alguma alma fiel que veja. Minha vida está explicada”.

Por detrás da história do vitral está a história das almas que quiseram essas cores.

Porém, há muito mais.

É a história das almas irmãs destas que pensaram num maravilhoso muito mais global do que simplesmente uma cor. Desejaram o vitral inteiro.

E, mais ainda, as almas que pensaram na catedral.

O que é que é o vitral senão um elemento da catedral?

Se quiserem, os vitrais são os olhos das catedrais.

Ó alma da Idade Média que pensou nas catedrais, que pensou nos castelos e que queria mais, mais e mais. Quando é que nasceu essa alma?

A alma da Idade Média, o espírito da Idade Média nasceu quando?

Se nós nos pusermos estas perguntas, nós vamos remontando como um rio a história da Igreja.

Todas essas almas que engendraram o gótico, elas desejavam coisas mais perfeitas, mais e mais.

E haveria de vir um dia em que a perfeição da Igreja e da Civilização Cristã, da Cristandade seriam tais que o Reino de Maria estaria constituído na terra.

E aí também, haveria um reflorescer incomparável das artes, da beleza, dos vitrais e quanta outra coisa!

Nós estamos numa época de germinação do Reino de Maria.

E se nós queremos conhecer o Reino de Maria como será, não se trata tanto de planejá-lo, nem de excogitá-lo, mas se trata de sentir a pulsação dele dentro de nós.


(Fonte: Plínio Correa de Oliveira, 15.8.81, excerto sem revisão do autor.)



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2 comentários:

Morg Ana disse...

Que beleza! Gostei desse blog, adoro saber sobre a Idade Média!

Neste momento estou ouvindo a maravilhosa obra de Hildegard von Bingen :)

Fique com Deus!

disse...

Venho agradecer tão boas informações e formações de vcs.
Adoro saber sobre essa idade, e aqui encontramos com muito carinho de tudo.
Parabéns por ter esse blog tão fantástico.
Obrigada também por mandarem os emails.
Fique com Deus e na sua paz!
Rô!

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