domingo, 16 de abril de 2023

Os templários inventaram primeiro banco… e sem usura!!!

A Temple Church foi o primeiro banco de Londres
A Temple Church foi o primeiro banco de Londres
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na Fleet Street, uma das mais movimentadas do centro de Londres, um pátio tranquilo leva a uma capela circular, e a uma estátua de dois cavaleiros em cima de um único cavalo.

É a Temple Church (Igreja do Templo), a “casa londrina dos cavaleiros do Templo” construída pela Ordem dos Templários em 1185. O nome provinha do fato de sua sede principal estar construída na esplanada do antigo Templo de Salomão, em Jerusalém.

A Temple Church foi o primeiro banco de Londres, explica Tim Harford redator de economia no “Financial Times” e animador do programa “as 50 coisas que fizeram a Economia Moderna” na BBC.

Os cavaleiros templários eram monges guerreiros, inspirados pela missão de ser um exército armado dedicado à “guerra santa” contra o Islã que invadira a Terra Santa.

Eles se dedicavam inteiramente à defesa de peregrinos cristãos a caminho de Jerusalém reconquistada na primeira Cruzada em 1099.

Desde aquela data ondas de peregrinos viajaram milhares de quilômetros pela Europa e pelo Meio Oriente para venerar os locais sagrados onde pregou, padeceu e morreu Nosso Senhor Jesus Cristo para nossa Redenção.

A Temple Church foi o primeiro banco de Londres
A Temple Church foi o primeiro banco de Londres
Obviamente, esses peregrinos precisavam carregar consigo grandes somas de dinheiro para meses de comida, transporte e acomodação, fato que os tornava alvo de assaltantes das estradas.

Acrescia que naqueles tempos não havia policiamento e perseguir os criminosos era tarefa dos senhores feudais locais.

Mas esses também estavam sobrecarregados de funções de governo e administração.

Os Templários deram a solução. O peregrino podia deixar seu dinheiro na Temple Church em Londres, ou em qualquer outra casa templária no caminho.

Ele recebia uma carta encriptada que ele podia exibir nessas casas e retirar a quantia que precisava carregando assim o dinheiro necessário para a etapa, como se fosse um cartão de crédito.

Os Cavaleiros do Templo eram por excelência as pessoas de confiança para lhe entregar as moedas de outro e prata, instrumento que se usava na época.

Eles não cobravam nenhum juro ou serviço e ainda por cima ofereciam proteção armada contra bandidos e pagãos, hospital, hospedagem e comida gratuita ao longo de milhares de quilômetros.

Também eram famosos pelo seu heroísmo. Em quem confiar mais?

Templários Em quem confiar mais
Templários: Em quem confiar mais?
Na dinastia Tang na China ouve o “feiquan” - “dinheiro voador”, operado pelo governo.

Mas o sistema dos Templários funcionava como um banco privado – obedecendo aos Mandamentos sob severa regra e autoridade do Papa – ligado a reis e príncipes na Europa toda e gerenciado por monges com voto de pobreza.

Em seu livro Money Changes Everything (“Dinheiro muda tudo”, em tradução livre), William Goetzmann diz que eles ofereciam uma série de serviços financeiros reconhecidamente avançados para a época.

O rei Henrique III da Inglaterra comprou a ilha de Oleron, a noroeste de Bordeaux, na costa oeste da França com o auxílio dos Templários.

O rei pagou 200 libras por ano por cinco anos para os Templários em Londres, e quando seus homens tomaram posse da ilha, os Templários zelaram para que o vendedor tivesse recebido todo o dinheiro.

Desde os anos 1200, as Joias da Coroa foram instaladas no Templo – e ali seguem bem resguardadas até hoje, ainda quando os templários não existem mais.

O Templo conservava valores de terceiros pela segurança que inspirava e como garantia de empréstimos, agindo a casa dos Templários como uma casa de penhor em quem todos confiavam.

Sede dos templários em Paris
Sede dos templários em Paris
Os Templários passaram a constituir a maior potência econômica da Europa, sem as mazelas a que estamos acostumados no III milênio.

Só em Paris o bairro que era sua sede ocupava uma quarta parte da cidade.

Isso suscitou uma inveja indissimulável. Os príncipes e Papas penetrados do espírito renascentista que começava a se infiltrar cobiçavam essa influência moral que resultava na administração de enormes riquezas.

Riquezas aliás que não iam para proveito da Ordem, mas para financiar as Cruzadas, hospitais, hospedagens e auxílios de toda espécie para os romeiros.

As necessidades se tornaram mais prementes e depois que Jerusalém caiu na posse dos infiéis em 1244

O rei Felipe o Belo todo penetrado do novo espírito revolucionário materialista, ávido de gozar descontroladamente os prazeres da vida, confabulou com o Papa Clemente V, a extinção da Ordem em 1312 levantando contra ela falsas e monstruosas acusações.

Monges guerreiros fundaram um sistema bancario sem mazelas
Monges guerreiros fundaram um sistema bancário sem mazelas e foram invejados
Os bens da Ordem foram confiscados para lucro do rei e cúmplices, o Grão Mestre foi queimado vivo, os cavaleiros foram supliciados, salvo os que conseguiram fugir para Portugal e Rússia.

Muitos anos depois uma bula vaticana reconheceu que as acusações tinham sido falsas, mas já não ficava nada da Ordem.

A finalidade da proibição foi se apropriar do dinheiro que aliás não era dos Templários, mas dos romeiros.

Ali começou a desgraça para o povo. A BBC exemplifica com a grande feira de Lyon em 1555, maior mercado para comércio internacional de toda a Europa, citando o jornalista Tim Harford que escreve sobre economia no Financial Times.

Nela foi pego um comerciante italiano que fazia fortunas no local sem comprar nem vender nada. Tudo com uma mesa e um tinteiro, onde recebia comerciantes e assinava pedaços de papel e ficava rico.

Os comerciantes honestos de mentalidade medieval olhavam para ele com suspeita.

Mas para a nova elite internacional das grandes casas de comercio da Europa todas penetradas de espírito cínico renascentista, suas atividades eram perfeitamente legítimas.

Detalle do sarcófago em Santa Maria la Blanca  (Villalcázar de Sirga, Espanha). Pobreza até na morte
Detalhe do sarcófago dos templários em Santa Maria la Blanca
(Villalcázar de Sirga, Espanha). Pobreza até na morte
O que comercializava esse desconhecido personagem? Comprava e vendia dívidas gerando um considerável valor econômico.

Um comerciante de Lyon que queria lã de Florença, podia ir a esse banqueiro e pedir um empréstimo chamado de “conta de troca”, ou um documento de crédito, que não especificava a moeda de transação.

O valor era expressado em “ecu de marc”, uma moeda privada usada por uma rede internacional de banqueiros.

A “conta de troca” do banqueiro de Lyon seria aceita pelos banqueiros de Florença, que trocariam pela moeda local e assim pela Europa toda.

Os agentes dessa rede de banqueiros se encontravam em grandes feiras como a de Lyon, conferiam suas anotações e acertavam as contas entre si.

Assim chegamos a nosso sistema financeiro atual, mais desenvolvido é claro.

Mas essa rede de serviços bancários, já desde aquela época tinha – e sempre teve – lados obscuros, diz o jornalista Tim Harford que escreve sobre economia no Financial Times.

Dar tudo pela Terra onde Jesus viveu um outro conceito da finalidade do dinheiro.Temple Church
Dar tudo pela Terra onde Jesus viveu:
um outro conceito da finalidade do dinheiro.Temple Church
Transformando obrigações pessoais em dívidas negociáveis internacionalmente, esses banqueiros renascentistas criaram seu próprio dinheiro privado, fora do controle dos governantes.

Ficaram tão ricos e poderosos, que eles não precisavam mais se submeter às moedas soberanas de seus países. Os reis acabaram se endividando com eles.

De certa forma isso ainda é feito hoje em dia. Os bancos internacionais estão fechados em uma rede de obrigações mútuas difícil de entender ou controlar.

Eles podem usar seu alcance internacional para tentar contornar impostos e regulamentações até o ponto que quando bancos estão fragilizados ou com problemas, o sistema monetário do mundo todo também fica vulnerável.

Nós ainda estamos tentando entender o que fazer com esses bancos. Nós não podemos viver sem eles, ao que parece, mas também não temos certeza de que queremos viver com eles, escreve Tim Harford.

A paz e estabilidade econômica e financeira dos pobres monges templários desapareceu quando eles foram iniquamente fechados.




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