Os húsares poloneses de Jan Sobieski cobertos de glória na salvação de Viena usavam uma espécie de asas que imitavam os anjos |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: Os mitos anticatólicos sobre as Cruzadas não resistem à crítica histórica – 1
“Novamente –explica– não é verdade”.
Alguns historiadores como Fred Cazel explicam que “poucos cruzados tinham suficiente dinheiro para pagar suas obrigações em casa e manter-se decentemente nas cruzadas”.
Desde o começo mesmo, recorda o Dr. Paul F. Crawford:
“as considerações financeiras foram importantes no planejamento da cruzada. Os primeiros cruzados venderam muitas de suas posses para financiar suas expedições que geraram uma estendida inflação”.
“Embora os seguintes cruzados levaram esta consideração em conta e começaram a economizar muito antes de embarcar nesta empresa, o gasto seguia estando muito perto do proibitivo”, acrescenta.
Depois de recordar que o que alguns estimavam que as Cruzadas iam custar era “uma meta impossível de ser alcançada”, o historiador assinala que “muito poucos se enriqueceram com as cruzadas, e seus números foram diminuídos sobremaneira pelos que empobreceram. Muitos na idade Média eram muito conscientes disso e não consideraram as cruzadas como uma maneira de melhorar sua situação financeira”.
O Beato Papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada. acumulou de graças e privilégios espirituais aos cruzados, e afastou os interesses mundanos. |
Este, assinala o perito historiador em seu artigo, “foi um argumento muito popular, ao menos desde Voltaire.
“Parece acreditável e inclusive obrigatório para gente moderna, dominada pela perspectiva do mundo materialista”.
Com uma taxa de mortes que chegava perto de 75 por cento dos que partiam, com uma expectativa de voltar financeiramente quebrado e não poder sobreviver, como foi que a predicação funcionou de tal forma que mais pessoas se unissem?, questiona o historiador.
Crawford responde explicando que “as cruzada eram apelantes precisamente porque era uma tarefa dura e conhecida, e porque empreender uma cruzada pelos motivos corretos era entendido como uma penitência aceitável pelo pecado.
“Longe de ser uma empresa materialista, a cruzada não era prática em termos mundanos, mas valiosa para a alma”.
“A cruzada era o exemplo quase supremo desse sofrimento complicado, e por isso era uma penitência ideal e muito completa”, acrescenta.
O historiador indica logo que “com o complicado que pode ser para que as pessoas na atualidade acreditem, a evidência sugere fortemente que a maioria dos cruzados estavam motivados pelo desejo de agradar a Deus, expiar seus pecados e colocar suas vidas ao serviço do ‘próximo’, entendido no sentido cristão”.
Saladino. A propaganda anticatólica contra as Cruzadas omite os cruéis crimes praticados pelos muçulmanos. |
Outra vez, esclarece Paul Crawford, que nada está mais afastado da verdade.
O historiador assinala que “até muito recentemente, os muçulmanos recordavam as cruzadas como uma instância na que tinham derrotado um insignificante ataque ocidental cristão”.
A primeira história muçulmana sobre as cruzadas não apareceu senão até 1899. Por isso então, o mundo muçulmano estava redescobrindo as cruzadas, “mas o fazia com um giro aprendido dos ocidentais”.
“Ao mesmo tempo, o nacionalismo começou a enraizar-se no mundo muçulmano. Os nacionalistas árabes tomaram emprestada a ideia de uma longa campanha europeia contra eles da escola europeia antiga de pensamento, sem considerar o fato de que constituía realmente uma má representação das cruzadas, e usando este entendimento distorcido como uma forma para gerar apoio para suas próprias agendas”.
Então, precisa o Dr. Crawford:
“não foram as cruzadas as que ensinaram o Islã a atacar e odiar os cristãos. Os fatos estão muito longe disso. Essas atividades tinham precedido as cruzadas por muito tempo, e nos conduzem até à origem do Islã. Em vez disso, foi Ocidente quem ensinou o Islã a odiar as Cruzadas. A ironia é grande”.
Bibliografia:
- Warren Hollister, J. Sears McGee, and Gale Stokes, The West Transformed: A History of Western Civilization, vol. 1 (New York: Cengage/Wadsworth, 2000), 311.
- R. Scott Peoples, Crusade of Kings (Rockville, MD: Wildside, 2009), 7.
- Ibid.
- The Crusades: Campaign Sourcebook, ed. Allen Varney (Lake Geneva, WI: TSR, 1994), 2.
- Sir Steven Runciman, A History of the Crusades: Vol. III, The Kingdom of Acre and the Later Crusades (Cambridge: Cambridge University Press, 1954), 480.
- Francesco Gabrieli, The Arabs: A Compact History, trans. Salvator Attanasio (New York: Hawthorn Books, 1963), 47.
- Reynald of Châtillon’s abortive expedition into the Red Sea, in 1182–83, cannot be counted, as it was plainly a geopolitical move designed to threaten Saladin’s claim to be the protector of all Islam, and just as plainly had no hope of reaching either city.
- “The Version of Baldric of Dol,” in The First Crusade: The Chronicle of Fulcher of Chartres and other source materials, 2nd ed., ed. Edward Peters (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1998), 32.
- Ibid., 220–21.
- Fred Cazel, “Financing the Crusades,” in A History of the Crusades, ed. Kenneth Setton, vol. 6 (Madison, WI: University of Wisconsin Press, 1989), 117.
- John Porteous, “Crusade Coinage with Greek or Latin Inscriptions,” in A History of the Crusades, 354.
- “A memorandum by Fulk of Villaret, master of the Hospitallers, on the crusade to regain the Holy Land, c. 1305,” in Documents on the Later Crusades, 1274–1580, ed. and trans. Norman Housley (New York: St. Martin’s Press, 1996), 42.
- Norman Housley, “Costing the Crusade: Budgeting for Crusading Activity in the Fourteenth Century,” in The Experience of Crusading, ed. Marcus Bull and Norman Housley, vol. 1 (Cambridge: Cambridge University Press, 2003), 59.
- John France, Victory in the East: A Military History of the First Crusade (Cambridge: Cambridge University Press, 1994), 142. Not all historians agree; Jonathan Riley-Smith thinks it was probably lower, though he does not indicate just how much lower. See Riley-Smith, “Casualties and Knights on the First Crusade,” Crusades 1 (2002), 17–19, suggesting casualties of perhaps 34 percent, higher than those of the Wehrmacht in World War II, which were themselves very high at about 30 percent. By comparison, American losses in World War II in the three major service branches ranged between about 1.5 percent and 3.66 percent.
- The ‘Templar of Tyre’: Part III of the ‘Deeds of the Cypriots,’ trans. Paul F. Crawford (Burlington, VT: Ashgate, 2003), §351, 54.
- Jonathan Riley-Smith, The Crusades, Christianity, and Islam (New York: Columbia University Press, 2008), 36.
- John 15:13.
- Jonathan Riley-Smith, “Crusading as an Act of Love,” History 65 (1980), 191–92.
- Letter from T. E. Lawrence to Robert Graves, 28 June 1927, in Robert Graves and B. H. Liddell-Hart, T. E. Lawrence to His Biographers (Garden City, NY: Doubleday, 1938), 52, note.
- Riley-Smith, The Crusades, Christianity, and Islam, 71.
- Jonathan Riley-Smith, “Islam and the Crusades in History,” Crusades 2 (2003), 161.
- Carole Hillenbrand, The Crusades: Islamic Perspectives, (New York: Routledge, 2000), 20.
- Riley-Smith, Crusading, Christianity, and Islam, 73.
- There is some disagreement in the primary sources on the question of who was responsible for the deaths of these refugees; the crusaders knew that a large Egyptian army was on its way to attack them, and there does seem to have been a military decision a day or two later that they simply could not risk leaving potential enemies alive. On the question of the massacre, see Benjamin Kedar, “The Jerusalem Massacre of July 1099 in the Western Historiography of the Crusades,” Crusades 3 (2004), 15–75.
- France, Victory in the East, 355–56.
- Raymond of Aguilers, in August C. Krey, The First Crusade: The Accounts of Eye-witnesses and Participants (Princeton: Princeton University Press, 1921), 262.
- Revelation 14:20.
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