domingo, 10 de novembro de 2019

Diferenças na movimentação do homem contemporâneo e o medieval

Missa. Missal de Jean Rolin, século XV
Missa. Missal de Jean Rolin, século XV.
Biblioteca Municipal de Lyon, ms 517, folio 8r.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: A intensa movimentação das almas na Idade Média



O homem medieval exibia uma ‘movimentação” intelectual e religiosa que se devia a alguns fatos:

Em primeiro lugar, a vitalidade do homem medieval era muito mais exuberante.

Em segundo lugar, o homem medieval tinha mentalidade e ideias. Quando se tem mentalidade e ideias é possível mudar-se de uma para outra.

Hoje, pelo contrário, há exatamente uma carência de ideias.

Sobretudo o que há é que o homem contemporâneo é de uma dureza de coração, especialmente no que diz respeito ao bem. Ele absolutamente não muda. As manifestações de virtude mais palpáveis não o comovem.

Podemos ter o exemplo disto em torno de nós. 

Por vezes, pessoas que não fazem mal a ninguém e que dão a todos o exemplo da virtude, bons filhos, bons irmãos, procedem bem em todas as coisas mas não obtêm a simpatia de ninguém.

Qual a razão disto? Endurecimento... O espetáculo da virtude não comove, não impressiona; a virtude não é simpática, não atrai nenhuma espécie de simpatia.



Outro motivo de endurecimento de alma: o mito do “cidadão maior” e independente

Isto se prende também ao mito do “cidadão adulto”, investido em todos os seus direitos civis. A primeira coisa que este cidadão pseudo-livre precisa ter é que ninguém mexa em sua cabeça.

Ele é inteiramente independente. Ele tem uma ideia e não muda; toma uma atitude e não liga para ninguém.

Cristãos contra mouros. Cantigas de Santa Maria, El Escorial.
Cristãos contra mouros. Cantigas de Santa Maria, El Escorial.
Agora, ele é independente para ser burro sozinho, para ser um celerado sozinho. Ele tem sua independência, ele a mantém até contra Deus.

Resultado: a voz da graça lhe fala e encontra fechadas as portas de seu coração! Ele absolutamente não se comove.

As Cruzadas foram um exemplo de ressonância da voz da graça e da voz do passado, na Idade Média.

Na Idade Média encontramos a possibilidade de ressonância da voz da Igreja, como também da voz do passado, de um modo prodigioso.

É curioso ver como impressionavam os bons exemplos em situações como crises sociais ou guerras. E não era só o bom exemplo do rei ou do bispo. Era o bom exemplo dado por qualquer um.

Exemplos:

As Cruzadas, em grande parte, foram determinadas pelo contágio de alguns bons exemplos.

São Bernardo, quando entrou para o convento de Cister, levou consigo, de uma vez, cerca de vinte ou trinta cavaleiros.

Por toda parte, na Idade Média notamos que quando um homem toma posição, uma porção de outros se impressionam, mudam de mentalidade e acompanham seu exemplo.

Porque mudar de mentalidade, como por exemplo abandonar o pecado e abraçar a virtude, sair da moleza e partir para a Cruzada, não era considerado vergonha.

Foi preciso chegarmos ao século XXI para se decretar que é uma vergonha mudar de vida para seguir o exemplo de um homem que é um modelo ou um mestre.

Hoje o único que vale é não ter mentalidade, pelo menos explícita.

E então, se adora aquilo que todo mundo adora, se procura levar uma existência agradável e, sobretudo, se quer viver como bem se entende sem rumo nem destino.




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3 comentários:

Unknown disse...

Este Blog é para mim uma fonte de informação excelente. Aproveito aqui para lhe agradecer e dizer-lhe a estima que este seu paciente labor suscita em mim. Espero que muitos possam aproveitar este seu generoso contributo ao caminho da Beleza e que daqui o terreno das nossas almas possa ser fertilizado e fortificado.

Anônimo disse...

Hoje temos mais descobertas científicas, mas não se tem mais a verdadeira fé.
Artigo Muito bom.

Anônimo disse...

Hoje vejo como as mudanças o correram durante todos esses séculos a dinastia de cada século foram atraindo os grandes pensadores para novas idéias.

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