Budapest, hoje capital da Hungria, na Idade Média |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Desde quando acabaram as invasões dos bárbaros, a vida organizada ultrapassou os limites do domínio senhorial.
As famílias não se bastavam mais a si próprias.
Toma-se então o caminho da cidade, o tráfico comercial se organiza, e logo, vencendo as muralhas, surgem os burgos.
É então, a partir do século XI, o período de grande atividade urbana. Dois fatores de vida econômica, até aqui secundários, vão tomar uma importância de primeiro plano: o artesanato e o comércio.
Paris medieval |
Com eles surgirá uma classe — a burguesia — cuja influência sobre os destinos da França será capital. Mas sua ascensão ao poder efetivo só começa na Revolução Francesa, da qual será ela a única a tirar benefícios reais.
No entanto, o poder da burguesia se origina muito anteriormente, pois desde o começo ela manteve um lugar preponderante no governo das cidades, uma vez que os reis, sobretudo a partir de Filipe o Belo, voluntariamente tornavam procuradores os burgueses, com seus conselhos, administradores e agentes do poder central.
Ela deve sua grandeza à expansão do movimento comunal, do qual foi o principal motor.
Nada de mais vivo e dinâmico do que esse impulso irresistível que, do século XI ao começo do século XIII, incita as cidades a se libertarem da autoridade dos senhores.
A burguesia foi a categoria social dominante nas cidades |
Os direitos devidos aos barões tornavam-se insuportáveis a partir do momento em que não se tinha mais necessidade da sua proteção.
Nos tempos de perturbações, outorgas e pedágios, eram justificados, pois representavam o gasto do policiamento das estradas.
Um comerciante espoliado nas terras de um senhor podia ser indenizado por ele; mas, nos tempos novos e melhores, devia haver um reajustamento, que foi obra do movimento comunal.
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