segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Idade Média: uma novidade que empolga as novas gerações

Anúncios de eventos como este espantam pessoas muito desatualizadas. O Brasil estava representado por combatentes.
Anúncios de eventos como este espantam pessoas muito desatualizadas.
O Brasil estava representado por combatentes.



Foi-se o tempo em que a máxima desqualificação de algo consistia em dizer que era “medieval”. Essa visualização mudou 180º.

Por isso, escritores e ativistas que ficaram esclerosados no antigo padrão protagonizam engraçados episódios.

Foi o que aconteceu com a jovem jornalista argentina Diana Fernández Irusta, de “La Nación”, galardoada com o Prêmio Internacional de Jornalismo Rei da Espanha.

Certo dia a jornalista, que estava tratando do joelho e andava com dificuldade, foi gentilmente auxiliada por uma nova vizinha do prédio em que mora. É Cecília, uma jovem professora de música e cantora, mãe de três filhos, que lhe deu apoio durante o tratamento. Diana ficou com uma alta imagem de Cecília.



Combate Medieval em Buenos Aires, mais de 30.000 pessoas assistiram.
Combate Medieval em Buenos Aires, mais de 30.000 pessoas assistiram.
Um dia o filho pequeno de Diana, que é fascinado por castelos e heróis, tanto insistiu em ir ver uma das feiras medievais que estão acontecendo em Buenos Aires, que a mãe decidiu levá-lo, imaginando encontrar uma encenação para crianças.


Sua surpresa foi total: nada de festinha, mas um evento que se destacava pelo nível cultural.

E enquanto ela girava pelas ruas da cidade medieval erigida para a ocasião, foi dar com Cecília, sua amável vizinha, ataviada com um belo vestido palaciano e ensinando às moças passos de uma dança medieval.

Cecilia lhe contou todos os livros que tinha lido. Ela sabia bem o que estava fazendo. Diana custou a acreditar, mas ainda não tinha se dado conta de tudo.

Os alto-falantes anunciaram o momento da batalha. Diana estava convencida de que assistiria a uma coreografia com espadas e escudos de plástico e levou seu filho.

Ela encontrou formidáveis cavaleiros medievais com armaduras de aço que poderiam figurar num museu. Armas e golpes eram reais e tremendos. Visavam derrubar o adversário. Todos eles tinham modernos acolchoados não visíveis sob a armadura, e as pancadas e o combate eram para valer.

Seu filho soltava as maiores exclamações e ensinava para a mãe a tecnologia e a arte dos golpes e a estratégia de combate.

Diana não entendia mais nada. Voltou a encontrar a simpática Cecilia, que logo percebeu seu desconcerto.

Diana arguiu, sem saber bem o que dizer: “Mas eles não ficam pelo menos com algum galo”? Sorridente e tranquila, Cecília respondeu: “Mas se praticassem futebol ou rúgbi poderiam também se fraturar, não é?”

Nessa hora, Diana já pensava que estava diante de uma heroína medieval em pleno século XXI.

E Cecília não fazia isso por fantasia. Ela lhe explicou tudo o que tinha lido e estudado, descreveu como seu coração se encheu de luz pelos relatos medievais, seu entusiasmo pela segurança dos conventos e o esplendor dos combates.

E não é só Cecília. Há associações culturais diversas que cultuam aquele passado povoado de santos, cavaleiros e damas, castelos e catedrais, sua música, pintura, culinária, arte e religião.

Cecilia lhe explicou o significado da história, da tradição: “Nós não somos só presente”. A grande coisa que a entusiasmava é a ideia da origem do homem: “Isso me leva até Deus, até a Criação, ao primeiro passo da humanidade”.

Ela parecia emergir da bruma medieval, ante os olhos da “antiquada modernidade” de Diana.

Os participantes do 1º Sulamericano de Combate Medieval ficaram emopolgados pelo sucesso
Os participantes do 1º Sulamericano de Combate Medieval ficaram emopolgados pelo sucesso
A entusiasta Cecília não teve dinheiro para viajar e ver os magníficos castelos que a jornalista Diana, sim, pôde visitar.

Mas isso não lhe importava: a Idade Média já existia em sua alma e, mais dia menos dia, ela iria viajar e conhecer seus magníficos restos materiais. Com alegria de criança, ela contava que acabava de tirar seu passaporte.

Diana voltou para sua casa se perguntando se não tinha perdido o bonde da história. E descreveu sua nova e perplexitante descoberta em sua coluna jornalística.



Mais de 30 mil pessoas assistiram ao Torneio Internacional de Combate Medieval, agosto 2015, em San Isidro, Grande Buenos Aires, onde o Brasil foi representado por uma seleção de combatentes.





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