Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Dom Gilberto (1053‒ 1125), abade beneditino de Nogent-sous-Coucy, compôs a história da I Cruzada (1095-1099) em sete volumes entre os anos 1108 e 1112.
Ele ouvira o sermão do Bem-aventurado Papa Urbano II aos cavaleiros reunidos em Clermont-Ferrand, no coração da França:
“Povo dos Francos, povo de além Alpes, povo – como reluz em muitas de vossas ações ‒ eleito e amado por Deus, distinguido entre todas as nações pela posição de vosso país, pela observância da fé católica e pela honra que presta à Santa Igreja! A vós se dirige nosso discurso e nossa exortação!
“De vós mais do que qualquer outro povo Ela exige ajuda, pois vos tem sido concedida por Deus, por sobre todas as estirpes, a glória das armas.
“Empreendei, pois este caminho em remissão de vossos pecados, certos da imarcescível glória do reino dos Céus. Quando fores ao ataque dos belicosos inimigos, seja este o grito unânime de todos os soldados de Deus: ‘Deus o quer! Deus o quer!’”
Leia a “Gesta Dei per Francos” completa CLIQUE AQUI
Dom Gilberto registrou os extraordinários fatos daquela vitoriosa cruzada num escrito que ele intitulou “Gesta Dei per Francos”, quer dizer “Proezas de Deus por meio dos francos”.
A desproporção de forças humanas e os sensíveis auxílios divinos aos cavaleiros franceses justificaram a escolha.
Por exemplo, na batalha do “Portão de Aço” durante o sítio de Antioquia, um exército turco de 12.000 homens surpreendeu o acampamento cristão.
Os defensores em número de 700 enfrentaram o inimigo em campo raso e os perseguiram e massacraram até as portas da cidade.
“Deus lutou por nós, e seus fiéis contra eles ‒ escreveu o conde de Blois, naquele momento chefe da Cruzada ‒.
“Porque naquele dia, lutando com a força que Deus dá, nós os derrotamos e matamos uma incontável multidão deles – Deus continuamente combatendo por nós”.
Sem intenção de fazer teologia e apenas descrevendo os fatos com a linguagem de um soldado, nobre e cristão, o conde de Blois pintou a essência da “Gesta Dei per Francos”: os francos agiam, mas Deus agia neles e por meio deles.
A feliz expressão “Gesta Dei per Francos”, entretanto, não ficou limitada a história das cruzadas.
Posteriormente, ela passou a ser aplicada de modo mais geral à história da França católica. Pois descreve bem a imagem da história dessa nação desde sua conversão ao catolicismo.
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