A Idade Média nasceu na queda do Império Romano, de lutas de raças, confusão de povos, violências, gemidos, corrupção e barbárie. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
“Na Idade Média há muitas coisas.
“Por um lado o isolamento das cidades, a queda de impérios, luta de raças, confusão de povos, violências, gemidos; corrupção, barbárie, instituições que caem ou ficam apenas no bosquejo; homens que vão aonde vão os povos; e povos que vão aonde outro quer e eles nem sabem; há luz apenas suficiente para ver que todas as coisas estão fora de seu lugar e que não lugar para coisa alguma: Europa é caos.
“Porém, além do caos há uma outra coisa: a presença da Igreja, Esposa imaculada de Nosso Senhor. Então, há um grande acontecimento nunca antes visto pelos povos: há uma segunda Criação operada pela Igreja.
“Da Idade Média nada me parece assombroso senão a sua criação, e nada há que me pareça adorável salvo a Igreja.
A presença da Igreja no caos inicial
fez da Idade Média uma 'segunda Criação'
“Para operar esse grande prodígio, Deus escolheu esses tempos obscuros, eternamente famosos ao mesmo tempo pela explosão de todas as forças brutais e pela manifestação da impotência humana.
“Nada é mais digno da Divina Majestade e da divina grandeza que trabalhar ali, onde homens, povos e raças se agitam confusamente e ninguém obtém nada.
“Querendo Deus demonstrar em duas solenes ocasiões que a corrupção só é estéril e que só a virgindade é fecunda, quis que Maria nascesse e contraísse desposórios com a Igreja.
“Então, a Igreja foi mãe de povos, como Maria é Mãe dEla.
“Viu-se então àquela imaculada Virgem, ocupada em fazer o bem – do mesmo modo que seu divino Esposo ‒, levantar o ânimo dos caídos e moderar o ímpeto dos violentos; dar a uns o pão dos fortes e a outros o pão dos mansos.
“Aqueles ferozes filhos do polo, que humilharam a majestade romana escarnecendo-a, caíram vencidos pelo amor aos pés da indefesa Virgem.
“Então o mundo todo contemplou, entre atônito e assombrado, por espaço de muitos séculos, a renovação da Igreja, a renovação do prodígio de Daniel protegido contra todo mal em meio à cova dos leões.
“Após ter amansado amorosamente aquelas grandes iras e após ter serenado só com um olhar aquelas furiosas tempestades, viu-se a Igreja tirar um monumento da ruína; uma instituição de um costume; um princípio de um fato; uma lei de uma experiência.
“Para dizer tudo de vez: o ordenado do esdrúxulo; o harmônico do confuso.
“Sem dúvida, todos os instrumentos de sua Criação, como o próprio caos, existiam antes em meio ao caos; mas pertenceu a Ela a força vivificante e criadora.
“No caos estava, como no embrião, tudo o que haveria de vir e de ganhar vida. Porém, na Igreja despojada de tudo, só havia o ser e a vida.
“Tudo passou a viver quando o mundo prestou ouvido atento às suas amorosas palavras e fixou o olhar na sua resplandecente beleza.”
Um comentário:
Gostaria que o site abordasse, se possível, os padres da patrística, um pouco mais, o que foi o pelagianismo, qual a diferença entre eles e o pensamento agostiniano, como eles influenciaram a idade média, etc., gostaria também de agradeçer pois, sendo eu professor de língua portuguesa tive diversas oportunidades para falar com meus alunos sobre os trovadores, e a poética medieval e ver a quantidade de besteiras que eles pensam ser verdade sobre a assim chamada - Idade das Trevas -, eles ficam encantados em saber que a cavalaria e os modos corteses, foram tão caros, e que os cavaleiros tinham votos tão bonitos e que a nossa história começa com a nave cabralina eu lançava ao céu a Cruz de Malta ao cruzar os mares, a cruz antes do império..., obrigado
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.