Bruges, na Bélgica. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Sabe-se na Idade Média que não existe conforto sem paredes espessas servindo de proteção.
Segundo os recursos do local, são construídas em tijolo ou em pedra talhada, no caso dos ricos.
Na maior parte dos casos, mistura-se madeira e adobe, como acontece um pouco por toda parte até aos nossos tempos.
Constrói-se no chão toda a armadura da fachada, em vigas sabiamente unidas umas às outras.
A seguir procede-se de uma só vez ao levantamento, com a ajuda de cabrestantes, macacos e polés, para depois se guarnecer os interstícios com tijolos ou com o material usado na região.
As igrejas que nos restam dão em geral a nota do aspecto das casas.
No Languedoc triunfa o tijolo rosa, que dá um brilho tão particular às igrejas de Toulouse ou de Albi.
Kayserberg, na Alsácia, França. |
Nas regiões de terra argilosa, como no Midi provençal, casas e monumentos são cobertos de telhas, que tomaram ao sol essa cor de mel tão característica em aldeias como Riez ou Jouques.
Na Borgonha a telha é de preferência envernizada, rebrilhando os telhados em cores ofuscantes, como no hospício de Beaune e Saint-Bénigne de Dijon.
Na Touraine, no Anjou, utiliza-se a ardósia extraída na região.
E quando as igrejas não são abobadadas, apenas emadeiradas como acontece frequentemente no norte e em torno da bacia parisiense, é porque as florestas, mais numerosas do que as pedreiras, tornavam este modo de revestimento mais econômico.
Nessas regiões, as residências dos particulares eram quase sempre cobertas de colmo, mesmo na cidade, o que não deixava de aumentar os riscos de incêndio.
Beehive Cottage, em Lyndhurst. Grã-Bretanha. Exemplo de casa camponesa. |
O toque de recolher não tinha outra razão de ser.
Em Marselha recomenda-se aos armadores, quando procedem à brusque (operação que consiste em aquecer a quilha do navio em construção, para o besuntar mais facilmente de pez), que vigiem a chama para esta não ultrapassar uma certa altura.
Dizem os estatutos da cidade: “Nem sempre está ao alcance do homem conter as chamas que ele próprio ateou”.
Após um incêndio que ocorreu em Limoges em 1244, destruindo vinte e duas casas, mandou-se construir vastos reservatórios de água, aonde os burgueses se vinham abastecer em caso de alerta.
Quando se declarava um incêndio, era dever de todos acorrer com um balde d’água ao toque a rebate.
Toda a gente devia colocar outro balde diante da porta de casa, por precaução.
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