A Igreja nunca professou o pacifismo |
Roberto de Mattei
(1948 - ) professor de História, especializado nas ideias religiosas e políticas no pós-Concilio Vaticano II. |
continuação do post anterior: A Igreja não pode abandonar as Cruzadas sem se trair
A Igreja nunca professou o pacifismo.
O combate cristão, que é acima de tudo, uma atitude espiritual, mas que inclui a possibilidade da legítima defesa, a guerra justa e até mesmo “a guerra santa”, pertence a mais pura tradição católica.
Quem professa o pacifismo e o ecumenismo até o último ponto esquece que há males mais profundos que os físicos e materiais, e confunde as consequências desastrosas da guerra no plano físico, com suas causas, que são morais e provêm da violação da ordem. Numa palavra, esquecem que o pecado que só pode ser derrotado pela Cruz.
Santa Joana d'Arco |
O espírito das Cruzadas e de Lepanto nos envia uma mensagem de fortaleza cristã que consiste na disposição de sacrificar os bens da terra, em aras de bens maiores, como a justiça, a verdade e o futuro de nossa civilização.
Hoje, o inimigo que ameaça a Igreja e o Ocidente é a atitude mental de quem acredita que acabou o tempo de Lepanto e das Cruzadas.
Esse inimigo contrapõe ao espírito de combate uma visão do mundo segundo a qual nada há de verdadeiro e de absoluto, e que tudo é relativo às épocas, aos lugares e às circunstâncias.
É este o relativismo que foi denunciado por João Paulo II na Encíclica “Veritatis Splendor” e “Evangelium Vitae” quando fala da “confusão entre o bem e o mal, que torna impossível construir e manter a ordem moral dos indivíduos e das comunidades” (SV 93).
A batalha contra o relativismo em defesa das raízes cristãs da sociedade para a qual hoje nos convidam João Paulo II e Bento XVI, é uma batalha em defesa de nossa memória histórica.
Sem memória histórica não há identidade no presente, porque é sobre a memória que se baseia a identidade dos indivíduos e dos povos.
Santo Estevão, rei da Hungria |
A Igreja tem inimigos ainda que nós tendamos a esquecê-lo porque perdemos a concepção militante da vida cristã, fundada na Cruz, que sempre caracterizou o cristianismo.
A perda desse espírito militante é o resultado do hedonismo e do relativismo em que estão imersos, infelizmente, muitos homens de igreja.
Bento XVI fala freqüentemente de “minorias criativas”, poderíamos acrescentar “militantes”, porque a guerra hoje em curso é moral e cultural.
Nela se enfrentam a nível de princípios duas concepções do mundo.
Pode-se militar pelo bem ou pelo mal, em um campo ou outro, mas apenas os militantes deixam sua marca nos eventos históricos.
São Luís rei embarca para a Cruzada |
O mesmo pode ser dito de um mundo sem espírito de Cruzada: seria um mundo sem esperança.
Isso significaria a renúncia à luta pela salvação, a renúncia da Cruz e reduzir o mundo a meras ruínas.
4 comentários:
Que blog com conteúdo mais precioso!Pena que poucos jovens,como eu,apreciem tão valorosos ensinamentos sobre história e religião.Por favor continue postando sempre.Obrigado!
Faço minhas as palavras de Carlos Iwabe!
Faça minhas as palavras de Carlos Iwabe!!
Esse blog é espetacular. Parabéns a todos os envolvidos.
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