domingo, 29 de dezembro de 2019

O relicário dos três santos Reis Magos na catedral de Colônia

Urna dos Três Reis Magos, catedral de Colônia, Alemanha

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Nenhum comentador da adoração prestada ao Menino Jesus pelos três Reis Magos — Gaspar, Melchior e Baltasar — nega que era conveniente eles irem adorá-lo, para representar os vários povos da gentilidade aproximando-se de seu berço desde o começo.

Era conveniente também que fossem magos, para representar toda a sabedoria antiga prestando homenagem ao Menino-Deus.

Sabemos que, naquela época, mago era adjetivo para o homem de uma sabedoria extraordinária.

Eram sábios, os que foram adorar o Messias.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Imaculada Conceição: privilégio de Nossa Senhora pelo qual heróis medievais deram a vida


Luis Dufaur
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Quanto mais nós admiramos uma pessoa, mais nós devemos amá-la.

E quanto mais nós a amamos, mais nós devemos ser propensos a admirar as qualidades que Ela tem.

Por causa disso, nos veneramos Nossa Senhora como Mãe ao mesmo tempo sumamente amável e sumamente admirável.

Nossa Senhora aparece fazendo-se admirar pelo título que Ela proclama.

Ela disse a Santa Bernadette Soubirous: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Quer dizer, uma criatura que está numa condição inteiramente superior a todas as outras.

Porque concebida sem pecado original e gozando de uma predileção toda especial de Deus.

De outro lado, Ela pratica milagres dos mais estupendos, numa continuidade e numa importância sem igual história da igreja. E isto é porque Ela quer.

Então Ela se apresenta muito à nossa admiração.

domingo, 1 de dezembro de 2019

São Nicolau, o verdadeiro Papai Noel
começou a ser cultuado na Idade Média

São Nicolau padroeiro dos marinheiros do Mediterrâneo
salva nau que afundava
Luis Dufaur
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De tão deturpado, esqueceu-se sua maravilhosa origem.

Pois Papai Noel tem na sua fonte um homem de carne e osso, um bispo da Santa Igreja, um santo de altar!

Foi São Nicolau, bispo de Myra, na ilha de Gemile, hoje no largo da Turquia.

Ele faleceu rodeado de fama de santidade no ano de 326.

Conta a tradição que o piedoso bispo soube de um pagão que tinha três filhas mas não tinha dinheiro para casá-las bem.

Então decidiu — como aliás não era raro entre certos pagãos — vende-las ou alugá-las para a prostituição, após as festas cristãs do Natal.

domingo, 10 de novembro de 2019

Diferenças na movimentação do homem contemporâneo e o medieval

Missa. Missal de Jean Rolin, século XV
Missa. Missal de Jean Rolin, século XV.
Biblioteca Municipal de Lyon, ms 517, folio 8r.
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continuação do post anterior: A intensa movimentação das almas na Idade Média



O homem medieval exibia uma ‘movimentação” intelectual e religiosa que se devia a alguns fatos:

Em primeiro lugar, a vitalidade do homem medieval era muito mais exuberante.

Em segundo lugar, o homem medieval tinha mentalidade e ideias. Quando se tem mentalidade e ideias é possível mudar-se de uma para outra.

Hoje, pelo contrário, há exatamente uma carência de ideias.

Sobretudo o que há é que o homem contemporâneo é de uma dureza de coração, especialmente no que diz respeito ao bem. Ele absolutamente não muda. As manifestações de virtude mais palpáveis não o comovem.

Podemos ter o exemplo disto em torno de nós. 

Por vezes, pessoas que não fazem mal a ninguém e que dão a todos o exemplo da virtude, bons filhos, bons irmãos, procedem bem em todas as coisas mas não obtêm a simpatia de ninguém.

Qual a razão disto? Endurecimento... O espetáculo da virtude não comove, não impressiona; a virtude não é simpática, não atrai nenhuma espécie de simpatia.

domingo, 3 de novembro de 2019

A intensa movimentação das almas na Idade Média

Cientistas consideram o mundo.  Bartolomeu o Inglês, "Livro das propriedades das coisas"
Cientistas consideram o mundo.
Fr. Bartolomeu OFM, o Inglês: "Livro das propriedades das coisas", BnF, fr 134, f, 169.
Luis Dufaur
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Na Idade Média: vida intelectual, espiritual e moral sujeita a flutuações e cheia de vais-e-vens

Estudando a história, poder-se-ia achar que a vida na Idade Média era muito mais movimentada do que a de nossos dias. De fato parece ser.

A movimentação era, entretanto, num outro campo e por razões diferentes das movimentações de hoje.

A atividade dos corpos talvez fosse menor. Certos homens viajavam muito, mas era apenas uma certa categoria de homens: os mercadores, os estudantes, os nobres.

Mas a maior parte das populações ficava fixa nas cidades. E o geral dos homens viajava muito menos que os de hoje.

Agora, acontece que enquanto a vida física de um homem era menos trepidante, sua vida espiritual, intelectual e moral era muito mais sujeita a flutuações e muito mais cheia de vais-e-vens. Isso determinava uma diferença de “colorido” na vida medieval.

domingo, 27 de outubro de 2019

Igrejas que são Evangelhos de pedra


Luis Dufaur
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A fachada é o rosto da igreja. Ela evangeliza, ensina, catequiza.

Na Idade Média, bastava ao catequista explicar o significado das inúmeras estátuas e cenas entalhadas na pedra, para dar aulas perfeitas sobre as verdades fundamentais da fé, as virtudes e os vícios opostos, a História Sagrada, a ordem do Universo, a hierarquia das ciências, etc.

No coração da fachada de Notre Dame encontra-se a rosácea.

Ela forma a coroa da Santíssima Virgem.

domingo, 20 de outubro de 2019

O que mais prezavam os medievais: a honra familiar

Rainha Petronila de Aragão e o conde de Barcelona Ramão Berenguer
Rainha Petronila de Aragão e o conde de Barcelona Ramão Berenguer
Luis Dufaur
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“Ouvi vós todos, nobres burgueses e aldeães, e não fazei nenhum ruído, vós outros que estais pelos cantos! Mas sei que todos ireis ouvir, nobres, burgueses e aldeães, com a maior atenção, pois vos falarei da Honra”.

Falava-se da Honra, cantava-se a Honra – pois acabo de citar o início de um poema do século XII, e tais poemas, consagradas à Honra, substituíram, em grande parte, o jornalismo hodierno.

Falava-se a todos da Honra, ao povo como aos Barões, e todos, aldeães como nobres, tornavam-se atentos e admirados quando se falava da Honra.

Eis o primeiro e maior dos signos característicos dessa época, o fato pelo qual a Idade Média domina toda a História da França até hoje.

domingo, 13 de outubro de 2019

O sobrenatural e o maravilhoso na vida do medieval

Luis Dufaur
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Junto ao mar, numa península com forma de cruz, um santo eremita construiu um mosteiro nos tempos que a Gália, ainda não era a França.

Mas o mosteiro foi derrubado. Algum tempo depois, um outro veio e construiu outro mosteiro.

E esse mosteiro foi derrubado, se minha memória não me trai, por ocasião da Revolução Francesa.

Se no Reino de Maria se mandar construir um mosteiro em louvor a Nossa Senhora nessa península, com sentido reparador, etc., vai ser muito bonito.

Há um certo lugar na França onde se tornou lendária a presença de um homem que teria vivido lá pela alta Idade Média, conhecido como “o louco da floresta”.

Esse homem era doido, e ele apenas sabia dizer "Ave Maria!". Com todas as pessoas que ele encontrava ele só dizia "Ave Maria!"

domingo, 6 de outubro de 2019

Os escolásticos medievais fundaram a economia científica

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Um dado muito pouco conhecido é que a Igreja inspirou o pensamento econômico na Idade Média.

Até então os homens não tinham racionalizado os sistemas econômicos.

Alguns grandes pensadores como Aristóteles trataram de alguns problemas muito básicos da atividade econômica.

Porém, a imensa maioria dos homens e as civilizações antigas tocavam a vida econômica em função da agricultura, o artesanato, o comércio e o intercâmbio básico, e não raciocinavam sobre isso.

Para eles, a economia era o que a palavra significa ao pé da letra : as "regras da casa" ou "administração doméstica" ( de 'eco' = casa e 'nomos' = regras ou costumes).

Joseph Schumpeter, um dos mais importantes economistas da primeira metade do século XX, em sua History of Economic Analysis (1954), disse dos escolásticos (a escola teológica que unificiou a linguagem e a formulação dos conceitos na Idade Média):
“Foram eles os que chegaram, mais perto do que qualquer outro grupo, a serem os ‘fundadores’ da economia científica”.
Jean Buridan (1300-1358), reitor da Universidade de Paris, deu importantes contribuições à moderna teoria da moeda.

domingo, 29 de setembro de 2019

Idade Media: o ponto mais alto de influência da Igreja sobre a vida pública, as leis e a cultura.

Pio XII, na sedia gestatoria, basílica do Vaticano
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“A Igreja é um fato histórico que, como uma possante cadeia de montanhas, percorre a história dos dois últimos milênios”.

Esta formosa comparação, contida no discurso do Santo Padre Pio XII aos membros do X Congresso Internacional de Ciências Históricas (7 de setembro de 1955), nos vem naturalmente ao espírito.

Referindo-se às condições hodiernas do Ocidente, Pio XII, em seu discurso aos historiadores, notou que sua situação é de funda crise religiosa:

“O que se chama Ocidente ou mundo ocidental sofreu profundas modificações desde a Idade Media: a cisão religiosa do século XVI, o racionalismo e o liberalismo conduziram o Estado do século XIX à sua política de força e à sua civilização secularizada.

“Tornava-se pois inevitável que as relações da Igreja Católica com o Ocidente sofressem um deslocamento”.
Estas palavras lembram sensivelmente as condições históricas de Leão XIII, esparsas em seus diversos atos de magistério, e enunciadas num corpo harmônico na Encíclica “Parvenu à la vingt-cinquième année”:

domingo, 7 de julho de 2019

A mulher comum na Idade Média

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Faltaria falar das mulheres comuns, camponesas ou citadinas, mães de família ou trabalhadoras.

A questão é muito extensa, e os exemplos podem chegar através de diversas fontes como documentos ou mil outros detalhes colhidos ao acaso e que mostram homens e mulheres através dos menores atos de suas existências.

Através de documentos, pôde-se constatar a existência de cabeleireiras, salineiras (comércio do sal), moleiras, castelãs, mulheres de cruzados, viúvas de agricultores, etc.

É por documentos deste gênero que se pode, peça por peça, reconstituir, como em um mosaico, a história real ‒ muito diferente dos romances de cavalaria ou de fontes literárias que apresentam a mulher como um ser frágil, ideal e quase angélico ou diabólico ‒ mas que não tinha voz nem vez.

domingo, 30 de junho de 2019

Mulheres líderes da sociedade medieval

Mosteiro de Santa María la Real de las Huelgas, Burgos
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Algo inédito e que nos dias de hoje ‒ tão democráticos ‒ jamais aconteceria:

No século XII, Robert d'Arbrissel, um dos maiores pregadores de todos os tempos resolveu fixar a multidão de seguidores seus na região de Fontevrault.

Para isso ele criou um convento feminino, um masculino e entre os dois uma Igreja que seria o único local aonde os monges e as monjas poderiam se encontrar.

Ora, este mosteiro duplo foi colocado sob a autoridade, não de um abade, mas de uma abadessa.

Esta, por vontade do fundador, devia ser viúva, tendo tido a experiência do casamento.

domingo, 23 de junho de 2019

A mulher na Igreja medieval

Profissão Solene de uma religiosa
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Precisamente por causa da valorização prestada pela Igreja à mulher, várias figuras femininas desempenharam notável papel na Igreja medieval.

Certas abadessas, por exemplo, eram autênticos senhores feudais, cujas funções eram respeitadas como as dos outros senhores.

Administravam vastos territórios como aldeias, paróquias; algumas usavam báculo, como o bispo...

Seja mencionada, entre outras, a abadessa Heloisa, do mosteiro do Paráclito, em meados do século XII: recebia o dízimo de uma vinha, tinha direito a foros sobre feno ou trigo, explorava uma granja...

Ela mesma ensinava grego e hebraico às monjas, o que vem mostrar o nível de instrução das religiosas deste tempo, que às vezes rivalizavam com os monges mais letrados.

Pena faltar estudos mais sérios sobre o tema..

.É surpreendente ainda notar que a enciclopédia mais conhecida no século XII se deve a uma mulher, ou seja, à abadessa Herrade de Landsberg.

domingo, 12 de maio de 2019

Os mosteiros levaram a agricultura a patamar nunca visto


Luis Dufaur
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Para Henry Goddell, presidente do Massachusetts Agricultural College, os monges salvaram a agricultura durante 1.500 anos.

Eles procuravam locais longínquos e inacessíveis para viver na solidão. 

Lá, secavam brejos e limpavam florestas, de maneira que a área ficava apta a ser habitada.

Novas cidades nasciam em volta dos conventos.

O terreno em torno da abadia de Thorney, na Inglaterra, era um labirinto de córregos escuros, charcos largos, pântanos que transbordavam periodicamente, árvores caídas, áreas vegetais podres, infestados de animais perigosos e nuvens de insetos.

Abadia de Thorney
A natureza abandonada a si própria, sem a mão ordenadora e protetora do homem, encontrava-se no caos.

Cinco séculos depois, William de Malmesbury (1096-1143) descreveu assim o mesmo local:

“É uma figura do Paraíso, onde o requinte e a pureza do Céu parecem já se refletir. [...]

“Nenhuma polegada de terra, até onde o olho alcança, permanece inculta.

“A terra é ocultada pelas árvores frutíferas; as vinhas se
estendem sobre a terra ou se apóiam em treliças.

“A natureza e a arte rivalizam uma com a outra, uma fornecendo tudo o que a outra não produz.

“Oh profunda e prazenteira solidão! Foste dada por Deus aos monges para que sua vida mortal possa levá-los diariamente mais perto do Céu!”

Mais tarde o protestantismo reduziu Thorney a ruínas, mas estas ainda emocionam os turistas.

Aonde chegavam, os monges introduziam grãos, indústrias, métodos de produção que o povo nunca tinha visto.

Selecionavam raças de animais e sementes, criavam bebidas alcoólicas e não, xaropes, remédios, colhiam mel e frutos, requintavam os produtos da natureza local.

Na Suécia, criaram o comércio de milho; em Parma, o fabrico de queijo; na Irlanda, criações de salmão; por toda parte plantavam os melhores vinhedos.

Até inventaram a cerveja como a conhecemos hoje e a champagne!

Abadia de Beauport
Represavam a água para os dias de seca. Os mosteiros de Saint-Laurent e Saint-Martin canalizavam água destinada a Paris.

Na Lombardia, ensinaram aos camponeses a irrigação que os fez tão ricos.

Cada mosteiro foi uma escola para explorar os recursos da região.

Seria muito difícil encontrar um grupo, em qualquer parte do mundo, cujas contribuições tivessem sido tão variadas, tão significativas e tão indispensáveis como a dos monges do Ocidente na época de miséria e desespero que se seguiu à queda do Império Romano, defende o historiador Thomas Woods. (veja as aulas deste professor americano legendadas em português. CLIQUE AQUI)

Quem mais na História pode ostentar semelhante feito? –– pergunta Woods.

Realmente, por mais que se procure, não se encontra.



AS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

domingo, 21 de abril de 2019

O incêndio de Notre Dame de Paris e o futuro da Cristandade:
ocaso ou restauração?

Notre Dame de Paris antes do incêndio de 15 de abril 2019
Notre Dame de Paris antes do incêndio de 15 de abril 2019
Luis Dufaur
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No best-seller Ugly as Sin — Feias como o pecado — Michael S. Rose, jovem arquiteto americano, doutor em Belas Artes pela Brown University (EUA) apresentou a catedral Notre Dame de Paris como a jóia-da-coroa da Cidade Luz, o verdadeiro epicentro, a alma da capital francesa.

Solene e maternal, ela irradia sua influência a partir da Île de la Cité, como uma grande dama a partir do palácio, no centro do seu feudo.

Ela é a representação do Cristianismo na sua totalidade: desde o império universal de Nosso Senhor Jesus Cristo até os sofrimentos dos precitos no inferno.

Nela, o peregrino percebe a luta entre o bem e o mal, entre o sagrado e o profano, entre o eterno e o passageiro.